Flávia Muniz

Flávia, descalça sobre a terra

Anos atrás, quando recebi a primeira fita demo da Luisa mandou um beijo, conversei em muitos e-mails com o Fernando, guitarrista da banda. Falava sobre Flávia, vocalista, amiga que tinha forte inclinação por música brasileira. 

Hoje, anos depois, escrevo sobre o primeiro trabalho solo de Flávia. Solo e acompanhado, porque, como bem dissemos há alguns meses, Flávia lança seu primeiro álbum em companhia da gentilíssima formação O Olho Mágico e arrebata um disco riquíssimo, bem produzido e muitíssimo bem executado. Tudo com paixão e curiosidade pela música, cultura e natureza do Brasil. Sem querer complicar, repassando ritmos e ideias favoritas, Flávia e banda compõem um caleidoscópio de formas e matizes que traduzem uma versão incrivelmente legítima do país. 

Descalços sobre a terra sai pela espanhola Elefant Records para correr o mundo. Nos próximos meses, a estreia vai circular da Europa ao Japão, sem surpreender se causar algum furor. Recupera o melhor das “raízes” da nossa música, com leveza e frescura, e demarca um território próprio entre todos os trabalhos que, recentemente, optaram por olhar para a música popular brasileira depois de noites abraçados com o pop. 

Se uma música linda como “Catavento” nos faz pensar em Nara Leão, o arranjo de “Mãe d’água” sai em busca de um samba de cadência Cartola. As 14 faixas do disco passeiam por modas, pela bossa, pelo samba, por cateretês, pelos Caymmi e por todas as experiências da Flávia com crianças, literatura e meio ambiente. 

Tá buenísimo.